Das águas para as telas: campeã pan-americana no SUP estrela série gravada no Pantanal

Com oito episódios, o seriado vai mostrar o encontro de Lena Ribeiro e Américo Pinheiro com os índios Guató e sua cultura da remada em pé, uma espécie de SUP primitivo. Estreia acontece nesta sexta-feira, às 21h30, em canal de assinatura

Por Juliana Gandard* — Arraial do Cabo

20/10/2020 17h49  Atualizado há uma hora

Série gravada no Pantanal é estrelada pela campeã do SUP pan-americana Lena Ribeiro e Américo Pinheiro, com direção de Rico Faissol — Foto: Cesinha Feliciano

“Um misto de aventura e história”, assim é definida a nova série dirigida por Rico Faissol e estrelada pela atleta campeã de Stand Up Paddle (SUP) Race Feminino nos Jogos Pan-Americanos Lima 2019, Lena Ribeiro, e seu treinador Américo Pinheiro.

Gravada no Pantanal, antes da pandemia do novo coronavírus e das queimadas, a série “Guató: uma remada no tempo” resgata a história dos índios Guató, originários da região, que se locomovem remando em pé numa canoa de madeira, uma espécie de SUP primitivo. Com oito episódios, o seriado vai mostrar o encontro de Lena e Américo com os indígenas e sua cultura da remada em pé.

Segundo Lena, a experiência de conhecer o Pantanal e conviver com os índios Guató a transformou e a fez voltar diferente para casa.

– Com certeza voltei diferente de lá. É uma parte do Brasil que praticamente não conhecemos. Ouvimos falar, mas estar lá é totalmente diferente. É uma região com uma enorme riqueza de recursos naturais, fauna exuberante, história e aspectos culturais únicos, com certeza um tesouro que deve ser mostrado e preservado. Também me chamou muito atenção como as referências de tempo e distância por lá são diferentes das minhas. Existe menos pressa e o “logo alí” pode ser a muitos quilômetros de distância (risos) – revelou.

O período de gravações acabou sendo uma troca de experiências e de conhecimento de culturas. De um lado, Lena e América ousaram a se aventurar no remo de canoas indígenas. Do outro, os índios passaram a se arriscar no remo em prancha.

– Ter contato com uma realidade bem diferente da sua nos faz repensar vários conceitos e atitudes. Aprender a remar a canoa de um pau só não foi fácil, não (risos). Tive que observar muito os Guató para entender como funcionava a remada. No começo ficava navegando em círculos (risos), mas depois peguei o jeito. Já eles não tiveram dificuldade alguma em remar em nossas pranchas. É algo muito natural para eles, remar em pé faz parte da vida deles há gerações – contou ela.

Américo também compactua da mesma opinião.

– A convivência com os índios Guató foi sensacional. Uma troca de conhecimentos, mas sem dúvida eu aprendi muito mais do que pude ensinar. E com certeza eu tive muita mais dificuldade de dominar a canoa do que eles a minha prancha. Eles tiraram de letra, remar para eles é um ato muito natural – afirmou.

A ideia da série surgiu justamente após Américo voltar de uma competição no Pantanal em 2013. Em uma conversa com o diretor Rico, ele havia falado sobre um remo comprido que tinha descoberto por lá e que pelo tamanho só poderia servir para remar em pé.

– Essa história nunca saiu da minha cabeça. Desde 2014, que eu tento viabilizar essa expedição mas apenas em 2018 consegui. Em maio de 2019 gravamos e agora essa fabulosa história vai ser revelada para todo o Brasil. A série é um misto de aventura e história. É uma verdadeira expedição ao coração do Pantanal, onde remadores de alta performance encontram indígenas acostumados a remar em pé por muitas gerações. É um grande aprendizado com quebra de paradigmas esse encontro com os Guató. Como o nome da série diz foi uma espécie de viagem no tempo também onde revisitamos episódios históricos que ocorreram há centenas ou até milhares de anos na vida desses povos que habitaram e ainda habitam o Pantanal de hoje – disse o diretor, vencedor do prêmio no Venice TV Award 2020 com o seriado “Verão de boa”, na categoria Branded Entertainment.

Experiência proporcionou uma troca de conhecimento de culturas entre os moradores de Arraial do Cabo, Lena e Américo, e os índios Guató — Foto: Cesinha Feliciano

Rico ainda espera que a série comova os telespectadores para o que está acontecendo no Pantanal.

– É pesado saber que estive lá há algum tempo e que agora o lugar está em chamas. Mas acredito na força de recuperação do bioma. E adoraria que a série pudesse sensibilizar as pessoas de alguma maneira sobre a importância deste bioma ainda tão incompreendido. Tudo está ligado. Se o Pantanal ficar doente todos vamos sentir. É o tipo de lugar que precisamos defender, preservar, estudar… a cura da próxima super doença pode estar bem ali – finalizou.

A série estreia nesta sexta-feira, às 21h30, pelo Canal OFF.

* Estagiária sob a supervisão de Ana Carolini Mota.